Sunday, March 18, 2007

63.Perseu



Características da constelação:


Perseu não tem um asterismo muito claro; algumas formas da constelação têm uma linha recta de alpha até theta, talvez indicando a espada de Perseu ou a foice com que matou a Medusa. No entanto, até ao tempo de Ptolomeu, Perseu era visto a segurar a cabeça da Medusa, com Algol (beta Persei) sendo o "mau olhar" da Górgone. As estrelas de Perseu são razoavelmente brilhantes. Algumas são binárias notáveis. Existem também uns bons objectos de céu profundo.


História da constelação:


Com um pai como Zeus, não admira que Perseu se tornasse num dos indivíduos mais notáveis da antiguidade. Até o seu nome ("per Zeus") identifica a sua linhagem. Zeus tinha-se apaixonado por Danae, a linda filha de Acrisius, rei de Argos. Um oráculo previu que Danae um dia teria um filho que mataria o rei, então Acrisius escondeu-a numa torre de bronze (ou marfim). Mas Zeus sabia quão bela era, e um dia transformou-se numa chuva de pó de ouro e visitou a cela de Danae. Quando a criança Perseu nasceu, Acrisius pô-lo e à sua mãe numa arca de madeira e atirou-os ao mar. A arca flutuou até à ilha de Seriphos, onde o pescador Dictys a apanhou. Levou-os até ao seu irmão Polydectes (ou Polydeuces), que era o rei de Seriphos. Polydectes educou Perseu até à idade adulta. Perseu fundou a cidade-estado de Mycenae, na península do Peloponeso, e tornou-se no seu rei. Isto é o que conta o mito. Na realidade, aquela cidade foi fundada por volta de 3000 AC, e entre 1650 AC e 1400 AC esta civilização era uma das mais brilhantes de toda a Grécia, até que subitamente colapsou por volta de 1300 AC. No que respeita a Perseu, é mais relembrado pela sua série de aventuras: a morte da Medusa Górgone e o salvamento de Andrómeda.
As Górgones eram três irmãs: Euryale ("grande errante"), Stheino ("forte") e Medusa ("esperta"). Eram originalmente muito lindas mas Medusa cometeu uma indiscrição com Poseídon uma noite num templo de Atenas. Esta deusa ficou tão irritada com o sacrilégio que transformou Medusa num monstro com grandes dentes e língua saliente, garras em vez de mãos, serpentes em vez de tranças, grandes asas, e um olhar que transformava qualquer pessoa em pedra. Escusado será dizer que Medusa não era nada popular. De facto, a sua cabeça tornou-se no "prémio final"; quem quer que a cortasse seria um autêntico herói. Mas ninguém tinha coragem de tentar. Até que Perseu um dia fez uma promessa casual com Polydectes. O que se passava era que Polydectes queria casar-se com Denae, a mãe de Perseu, mas o rei tentou manter os seus desejos secretos dizendo a Perseu que queria como sua mulher Hippodameia: "Farei tudo o que me pedires. Até te ofereço a cabeça da Górgone Medusa como presente de casamento". "Muito bem", disse Polydectes, "isso seria um excelente presente". Ora acontece que Atenas estava a ouvir; este era o momento que estava à espera: alguém que atacasse a sua maior inimiga. Atenas trouxa Perseu até Samos, onde as Górgones estavam vivendo, e mostrou-lhe uma imagem das três, para as conseguir distinguir. Depois avisou Perseu para olhar sempre para o reflexo, não para a face, pois tornar-se-ia em pedra. Deu então a Perseu um escudo brilhante. Perseu teve mais ajuda na sua busca pela cabeça da Górgone. Hermes deu-lhe uma foice, mas os itens mais importantes foram adquiridos por ele: as sandálias aladas, o capacete que o faria invisível, e o saco mágico (onde meteria a cabeça cortada). Para reduzir um bocado esta grande história, ele conseguiu roubar estes objectos das Ninfas de Estígia, nas entranhas da Terra, onde viviam. Já armado, Perseu continuou na sua aventura. Perseu deu com as Górgones a dormirem. Olhando para o seu escudo, cuidadosamente estudou cada figura, de modo a ter a certeza que era Medusa que sentiria a lâmina da sua espada. Rapidamente cortou a cabeça da Medusa e meteu-a no saco mágico. Pégaso nasceu instantaneamente do seu corpo. Ele também tinha sido concebido por Poseídon no templo de Atenas, mas Poseídon tinha escolhido que Pégaso não viria ao mundo, para aplacar a deusa. Como Medusa morreu, Pégaso era agora livre. As irmãs Górgones procuravam incessantemente pelo assassino de Medusa, mas o capacete que Perseu usava deixava-o invisível. Com as sandálias, Perseu conseguiu escapar. Outra vez, para encurtar a história consideravelmente, encontrou-se com Andrómeda, nua e acorrentada a uma rocha, à espera dum terrível monstro marinho. Perseu fez rapidamente um acordo com Cefeu e Cassiopeia; se a salvasse casaria com ela. Depois de matar o monstro, e ter salvo Andrómeda, Cassopeia mudou de ideias quando ao casamento de Perseu com a sua filha. Na batalha que se seguiu, Perseu teve que recorrer a medidas extremas. Tirou a cabeça da Medusa do saco, o que fez com os guerreiros, ao olharem, se tornassem em pedra, incluindo a mãe e o pai de Andrómeda. Perseu levou a sua noiva para Seriphos, onde uma nova ameaça pairava no ar. Danae, a sua mãe, tinha fugido para um templo para evitar casar-se com Polydectes. O rei estava num banquete; Perseu entrou no palácio e anunciou que tinha trazido o seu presente de casamento, como tinha prometido. Segundo reza a história, mostrou a cabeça da Górgone, o que fez com que as pessoas do banquete se transformassem em pedra (a ilha de Seriphos contém um grupo de rochas que alguns acreditam que sejam os restos petrificados do banquete). Algum tempo depois, um disco atirado por Perseu durante uns jogos atingiu o seu avô, Acrisius, matando-o, concretizando a profecia, para vergonha e pena do próprio Perseu.

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