Thursday, May 31, 2007

ASTRONOMIA NA ANTIGUIDADE

A ASTRONOMIA NO MÉDIO ORIENTE
A Astronomia teve dois objectivos relacionados um com o outro. Por um lado, mostrar que os movimentos dos planetas não eram aleatórios mas sim regulares e previsíveis e, por outro, ser capaz de prever esses mesmos movimentos com grande perspicácia.
O primeiro dos dois objectivos foi definido pelos Gregos, tendo o esforço quanto ao rigor das primeiras medições sido primeiramente desenvolvido pela distinta civilização da Babilónia.
Quando Alexandre, o Grande, invadiu a Pérsia no século IV a.C., as duas formas de estudar o céu fundiram-se.


Babilónia
Os primeiros observadores celestes da Babilónia são muitas vezes encarados como astrólogos. No entanto, esta visão não está correcta. Os babilónicos estavam extremamente alertas relativamente a quaisquer fenómenos ou ocorrências da Natureza em qualquer área do saber, tentando prevê-las de forma a evitar eventuais desastres provocados pelas mesmas.
O calendário babilónico era lunar, pelo que o ciclo da Lua era de extrema importância.
Tendo os meses lunares de cerca de 28 dias, o calendário das culturas determinado pelo ano solar tinha entre doze e treze meses. Durante muito tempo os babilónicos tiveram que fazer ajustes, mas por volta do século V a.C. descobriram que 235 meses lunares eram exactamente 19 anos solares. Assim, passaram a intercalar 7 meses em cada 19 anos de forma regular.
O calendário lunar da Babilónia foi o primeiro a ser dividido em quatro períodos correspondentes às quatro fases da Lua. Esta divisão em períodos de sete dias deu origem às semanas tal como as conhecemos hoje. De facto, como se pode ver da Tabela 1, o nome dos dias da semana advém do nome do objecto celeste adorado em cada dia na Babilónia.


Os Babilónia transferiram para os gregos as suas aritméticas envolvendo o tempo e distâncias angulares. Era isto precisamente que faltava aos gregos para transformar as suas cosmologias teóricas em modelos geométricos a partir dos quais se puderam determinar com elevada precisão os acontecimento.
Mesopotâmia
Com relação aos primeiros povos pré-cursores da astronomia, na antiguidade, podemos dizer que não há uma certeza, alguns autores afirmam que foram os Sumérios, já outros acreditam ter sido os Caldeus, enfim, o interessante é que ambos tiveram contribuição e por incrível que pareça, os seus estudos foram bastante parecidos , pois ambos associaram os astros vistos no céu a divindades e demónios. Estes acreditavam que as estrelas e os planetas tinham alguma influência nas suas vidas e foi daí que surgiu, inicialmente, a astrologia. Os Sumérios confiavam que os seus destinos, na terra, eram determinados pelos astros, levando a sério esses estudos. Os Caldeus, por sua vez, acreditavam na influência de demónios, que actuavam na natureza e tinham a pretensão de atemorizar o homem e causar-lhe sofrimento e dor. Infelizmente, não há um estudo aprofundado a respeito dos povos antigos da mesopotâmia em relação aos seus estudos sobre os astros. Segundo as escritas encontradas em tábuas de argila, eles já sabiam a duração do mês, conseguiam prever eclipses e também possuíam conhecimentos sobre as durações das fases da lua.


Egipto
Os astros para os egípcios tinham um significado muito importante em termos de misticismo e crenças, em especial o astro rei, o “Sol”, que para eles era conhecido como o Deus Rá. Para os sacerdotes egípcios, o sol, os planetas e as estrelas mais brilhantes do céu, eram sagrados porque eles consideravam-nos como Deuses. Embora os castigassem com secas no Verão, quando surgia a estrela Sírius no céu, eram recompensados com as cheias do rio Nilo, permitindo a plantação e a colheita. Os faraós também utilizaram os astros a seu favor pois, uma vez que eles eram os filhos do Sol e, assim, considerados como deuses, puderam governar sem muita interferência de grupos de pessoas que pudessem revoltar-se contra o sistema; Sem falar que, a população dificilmente discordaria dos Faraós porque acreditavam que, caso o fizessem seriam castigados pelos ” Deuses”.
Os egípcios tinham um sistema dos mundos profundamente mitológico. No entanto, tinham noções observacionais muito concretas e correctas.
Para a construção das pirâmides era importante achar o alinhamento a Norte, pois uma das faces deveria ficar perfeitamente virada a Norte. Os Faraós, com a ajuda de uma sacerdotisa e de escravos, alinhavam estacas na direcção Norte, procurando-a com as guardas da Ursa Maior . O alinhamento obtido era então usado para construir as partes laterais da pirâmide, perpendicularmente às quais deveriam ficar os topos sul e norte (Figura 7).



O facto da transmissão do conhecimento ser empírico, e não actualizado, faz com que as pirâmides do Egipto, além de possuírem desfasamentos ligeiros relativamente ao Norte verdadeiro, tenham desfasamentos diferentes de pirâmide para pirâmide à medida que o eixo da Terra foi precedendo.




Grécia

Entre todos os povos da antiguidade ocidental, os gregos foram os primeiros que, para além de acumularem registos dos observados (o que quase todos os povos tinham feito), souberam afastar o sobrenatural, a magia e a superstição da interpretação dos fenómenos observados, especialmente no que se refere aos acontecimentos celestes. Com os gregos, essas explicações passam a ser naturais, mecânicas, geométricas, etc., deduzindo-se teorias a partir dos factos observados e da experiência. Tais explicações continham já o início da atitude científica e originaram progressos notáveis, em poucos séculos.
O ápice da ciência antiga deu-se na Grécia, de 600 a.C. a 400 d.C.. Do esforço dos gregos em conhecer a natureza do cosmos, e com o conhecimento herdado dos povos mais antigos, surgiram os primeiros conceitos de Esfera Celeste, uma esfera de material cristalino, incrustada de estrelas. Desconhecedores da rotação da Terra, os gregos imaginaram que a esfera celeste girava em torno de um eixo passando pela Terra.
Observaram que todas as estrelas giram em torno de um ponto fixo no céu e consideraram esse ponto como uma das extremidades do eixo de rotação da esfera celeste.
Há milhares de anos, os astrónomos sabem que o Sol muda sua posição no céu ao longo do ano, movendo-se, aproximadamente, um grau para leste por dia. O tempo para o Sol completar uma volta na esfera celeste define um ano. O caminho aparente do Sol no céu durante o ano define a eclíptica (assim chamada porque os eclipses ocorrem somente quando a Lua está próxima da eclíptica).
As constelações são grupos aparentes de estrelas. Os antigos gregos, os chineses e egípcios antes deles, já tinham dividido o céu em constelações.

As primeiras observações da Grécia Antiga são melhor conhecidas pelo conjunto de lendas e mitos que até nós chegaram do que pela existência de documentos escritos.
De facto, os gregos observaram a maior parte dos movimentos aparentes do céu e documentaram-nos de forma por vezes não muito científica. Porém, sem sombra de dúvidas, rigorosa quanto às observações por eles efectuadas.
Quando dizemos que a forma como as observações eram documentadas não era muito rigorosa, não podemos esquecer que nos encontrávamos na fase do mito, em que as entidades divinas eram a explicação do inexplicável à luz dos conhecimentos de então. Assim, todas as observações que não possuíam explicação, de acordo com os seus conhecimentos, davam origem a "novelas", em que os protagonistas eram os deuses, constituindo aquilo que se chamou mais tarde de mitologia grega.
Vejamos um exemplo da forma como foi documentada uma constatação observacional. Já na Mesopotâmia, no Egipto e na Grécia Antiga sabia-se que a esfera celeste rodava em torno do Pólo Norte Celeste, havendo algumas estrelas que, à sua latitude, nunca desapareciam, como é o caso das estrelas que constituem as constelações da Ursa Maior e Ursa Menor. Diz-se que essas estrelas são circumpolares, por se encontrarem suficientemente próximas do Pólo Celeste para que tal ocorra.

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