O Sol é a estrela mais próxima de nós. Todos os planetas do sistema solar giram em seu redor e cada um com um período diferente. Ele é o responsável pelo suprimento de energia da maioria dos planetas. Quando as pessoas visitam observatórios as perguntas mais comuns que surgem a respeito do Sol são: o que é o Sol e como ele funciona? Do que ele é feito? Mas, antes de responder a essas perguntas vamos mostrar alguns dados curiosos a respeito do Sol.
O Sol só é uma estrela por causa da grande quantidade de massa que tem, cerca de 334.672 vezes a massa da Terra. É constituído, principalmente pelos gases hidrogénio e hélio, que são os dois gases mais leves que existem.
A massa do Sol
Quando se diz que o Sol tem quase 98% de gases a pergunta mais comum que aparece é: como é possível o Sol ter tanta massa, ser tão grande sendo formado de gases?
Bem, essa é uma longa história que nem mesmo os cientistas que estudam o Sol e outras estrelas sabem explicar exactamente como acontece, mas uma coisa eles sabem: antes de existir o Sol e os planetas o que existia no lugar do sistema solar era uma enorme nuvem de gases e poeira muito maior que o sistema solar. Os gases são os que conhecemos: oxigénio, azoto e principalmente hidrogénio e hélio; a poeira são todos os outros elementos químicos; ferro, ouro, urânio, etc. Mas, a grande parte dessa nuvem era formada por hidrogénio e o hélio. Por algum motivo que ainda não foi devidamente explicado essa nuvem encontrou condições para se começar a aglomerar, juntar-se em pequenos blocos, blocos esse que se começaram a juntar em blocos cada vez maiores. Um desses blocos, o primeiro que se formou, no centro da nuvem, ficou tão grande e pesado que sua força gravitacional tornou-se suficiente para reter os gases com muita facilidade.
Esse bloco aumentou tanto de tamanho e massa que acabou por se transformar numa estrela: o Sol. Os blocos menores que se formaram ao redor do bloco central deram origem aos planetas.
Mas atenção! Os planetas não são blocos expelidos pelo Sol como se pensava no início do século passado.
Localização do Sol
O Sol ocupa uma posição periférica na nossa Galáxia, ou seja, ele está a 33.000 anos-luz do centro galáctico, o que corresponde a 2/3 do raio galáctico. Nós estamos num dos braços espirais, o braço de Orion, como mostra o esquema a seguir. Figura 1: Localização do Sol na Galáxia
O Sol também orbita em relação ao centro gravitacional da nossa Galáxia. O ano do Sol é de aproximadamente 230 milhões de anos terrestres e sua velocidade orbital é de 250 km/s, sendo que todos os demais corpos do Sistema Solar o acompanham nessa viagem. Sabe-se que o Sol realizou cerca de 250 revoluções completas até hoje. A idade do Sol é de cerca de 4,5 biliões de anos.
Thursday, May 31, 2007
Astronomia na Idade Média
ASTRONOMIA ÁRABE NA IDADE MÉDIA
Tal como os cristãos dependem dos astros para a determinação da Páscoa, também os árabes dependeram das datas astronómicas para definir as suas cinco horas de oração diárias, para definir a direcção de Meca e o seu calendário lunar.
Entre os séculos IX e XII surgiram e desenvolveram-se três grandes centros de Astronomia árabes.
O primeiro foi na região de Bagdad, onde a "Casa da Sabedoria" criada pelos Califas Abbasid encorajou o desenvolvimento da Ciência como uma forma de louvar a Alá, tendo tido institutos em mais de um local.
O segundo centro de investigação islâmico surgiu no Cairo. Para além do mapeamento do céu, o Cairo distinguiu-se pelo trabalho intelectual do maior físico óptico islâmico, Alhazen (986-1039). Alhazen dissecou olhos de animais e desenvolveu a teoria da formação da imagem no olho. Alhazen experimentou projecções por efeito de câmara obscura e com lentes. Estudou também a refracção atmosférica.
O terceiro centro de investigação astronómica encontrava-se no sul de Espanha. Astrónomos como Arzaquel fizeram observações inéditas e desenvolveram métodos matemáticos de cálculo das trajectórias dos planetas que foram muito além dos métodos desenvolvidos pelos gregos e por Ptolomeu.
Uma das preocupações dos árabes era o desenvolvimento de modelos matemáticos para os céus que coincidissem com os movimentos observados. O trabalho de observação nos três observatórios ao longo dos séculos serviu para acumular determinações das posições dos astros com grande precisão.
Para produzir modelos coerentes foi essencial compilar o trabalho realizado pelos três institutos. Assim, arranjaram formas apropriadas de tabelar os dados astronómicos – os "Al-manunkhs" ou almanaques – cuja estrutura ainda hoje se utiliza. Desenvolveram também a Álgebra, fizeram avanços importantes na trigonometria esférica e criaram o sistema de notação numérica que chamamos hoje numeração árabe, entre outras coisas.
Apesar dos seus avanços, os astrónomos árabes sempre trabalharam dentro da lógica geocêntrica. Fizeram-no por não verem qualquer razão pela qual o Universo Aristotélico de nove esferas não pudesse ser explicado através da Física. Afinal de contas, os corpos celestes pareciam girar à volta da Terra, e fenómenos conhecidos, como a chuva, a queda de pedra ou de projécteis, pareciam revelar que a Terra ocupava o centro do universo atraindo para si todos os corpos.
Os dados recolhidos pela vigorosa Astronomia árabe foram o suporte para as teorias elaboradas por muitos astrónomos medievais europeus.
ASTRONOMIA EUROPEIA NA IDADE MÉDIA
Normalmente é assumido que não houve nenhum desenvolvimento da Astronomia digno desse nome ao longo da Idade Média e que a Igreja perseguia todos os que tinham perspectivas pró -científicas.
No entanto, até ao século XV existe uma vasta bibliografia sobre várias áreas das ciências físicas nomeadamente, ao nível da Astronomia.
Se é verdade que a Igreja controlava a forma de pensar das pessoas através de uma interferência directa na educação das mesmas, a nível universitário (pois todos os professores universitários eram clérigos e a maioria dos estudantes eram monges, frades ou noviços de padres) era ainda assim possível uma vasta liberdade de pensamento entre os eruditos. Assim, era relativamente tolerante quando as ideias surgiam da classe erudita do clero.
Nessa época o grau académico era obtido, não através de um exame escrito, mas através de uma argumentação apresentada em defesa de um qualquer tema realizada contra os que o examinavam.
Até às primeiras consequências do caso Galileu em 1615, a Igreja não tinha qualquer política oficial em relação à Ciência.
Por volta de 380 a.C. Aristóteles havia afirmado que o Universo era imutável, sendo, consequentemente, infinitamente velho, o que de certa forma contrariava a ideia de uma criação e de um início para todas as coisas que era pressuposto pela Bíblia. No entanto, a Igreja tinha conseguido acomodar a teoria Aristotélica.
Contrariamente ao que é comum ouvir-se, não se acreditava que a Terra fosse plana, como pode ser verificado por gravuras dessa época que tentam demonstrar com clareza porque é que a Terra é redonda, com melhores ou piores argumentos.
A Astronomia medieval europeia, à imagem do que aconteceu com os árabes, não foi uma época de grandes descobertas, tendo sido sobretudo uma época de aperfeiçoamento do modelo existente e aceite. Era ideia corrente entre os astrónomos que a Terra estava imóvel no centro do Universo e como ninguém tinha razões para duvidar desta verdade fundamental do sistema geocêntrico desenvolvida por Aristóteles e Ptolomeu, a tarefa dos astrónomos era passar a informação de toda a complexidade e elegância matemática e filosófica de geração para geração. O astrónomo medieval, mais do que investigador, era um erudito.
O acumular de dados relativos ao movimento das estrelas ia, no entanto, levando a que surgissem pequenas adaptações que iam complicando o formalismo matemático. No entanto, nenhuma das soluções resolvia completamente os problemas que se iam verificando à medida que os séculos iam passando. Em particular, determinadas datas consideradas constantes como, por exemplo os equinócios e os solstícios foram-se desviando das datas previstas ao longo do tempo. Isto levou a que certas datas como a Páscoa se fossem desfasando quando se comparava a data de calendário e a data celeste (a Páscoa é determinada a partir da Lua Cheia mais próxima do equinócio da Primavera).
O Calendário Moderno que ainda hoje usamos foi autorizado pelo Papa Gregório em 1582 e que sincronizou a Páscoa com os fenómenos celestes, mas a fórmula que ele utiliza demorou séculos de observação a ser desenvolvida. O tema dos calendários será abordado adiante.
A Astronomia gozava de um lugar destacado no curriculum universitário da Idade Média, que era essencialmente constituído por quatro ciências que tomavam o nome de Quadrivium: a Astronomia, a Geometria, a Aritmética e a Música. De facto, nenhum graduado universitário podia concluir o seu grau sem ser avaliado em Astronomia.
Durante os séculos XIII e XIV foram também feitas tentativas de mecanizar o astrolábio, fazendo rodar os seus discos de estrelas de forma a reproduzir o movimento dos céus.
O resultado acabou por ser bastante diferente e resultou na invenção do relógio accionado a pesos.
Foram discutidas durante a Idade Média ideias revolucionárias que apenas foram retomadas séculos mais tarde como, por exemplo, a existência do tempo. Uma discussão comum era se o Universo divino teria tempo. O Universo divino encontrar-se-ia fora do Universo físico das esferas cristalinas, sendo perfeito e imutável. Por este motivo, o tempo não poderia existir pois o tempo implicava mutação.
Thomas Bradwardine (1290-1349) discutiu as características de um possível Universo infinito e Nicole de Oresme (c. 1320-1382) argumentou ser mais razoável que a Terra tivesse uma rotação em torno de si mesma, que a ideia de todo o Universo a rodar em torno da Terra.
Nicolas de Cusa defendeu um Universo infinito geocêntrico em que para além das esferas cristalinas haveria um Universo infinito que conteria infinitos sóis iguais ao Sol.
Apesar destas ideias controversas, nenhum destes escolásticos teve problemas com a Igreja. De facto, Thomas Bradwardine veio a ser Arcebispo da Cantuária, enquanto Nicolas de Cusa e Nicole de Oresme se tornaram Bispos
Não obstante muito ligada a um modelo geocêntrico vigente, a Astronomia medieval gozou de grande dinamismo intelectual.
De facto, à nossa latitude, se estivermos a olhar para o mar, as "Ursas" parecem girar em torno da Estrela Polar, sem nunca entrarem dentro de água, tal como diziam os gregos.
Esta lenda de grande rigor observacional é válida às latitudes da Grécia e de Roma. A Estrela Polar vai ficando mais baixa à medida que nos aproximamos do equador, deixando de haver estrelas circumpolares a essa latitude. Mas os gregos nunca foram a latitudes tão baixas, pelo que era difícil terem conhecimento desse facto.
A primeira visão do mundo terá obviamente assumido uma realidade local, isto é, que a Terra seria plana.
Os primeiros cosmólogos gregos que são conhecidos a partir de documentos escritos são da próspera ilha grega de Jónia. Anaximenes sugeria que o Sol não se punha, mas apenas era tapado por zonas mais elevadas que existiam a Norte. Claro que isto não explicava porque existia a noite cerrada.
Empédocles viria a explicar os dias e as noites através do modelo da dupla esfera. Uma esfera interior era luminosa numa metade e transparente na outra metade e dava uma volta a cada 24 horas. A outra esfera continha o firmamento visível à noite e que rodava uma vez a cada 365 dias.
Mas se a estabilidade do seu modelo da Terra não estava em dúvida, o status dos céus como um Cosmos onde prevalecia a ordem esteve em questão até que se conseguiu criar leis de movimento que conseguissem explicar os astros "errantes". Com sete pequenas excepções, os corpos celestes moviam-se de uma forma perfeitamente racional, rodando com uma regularidade extrema em torno da Terra com posições fixas, uns em relação aos outros.
Uma vez que os astros "errantes" parecem errar entre os "fixas" de noite para noite ao longo do ano, foi-lhes dado o nome de planetas (derivado do verbo grego equivalente a "errar"). Os sete "planetas" – o Sol, a Lua, Mercúrio, Vénus, Marte, Júpiter e Saturno – moviam-se individualmente entre as fixas, com velocidades diferentes e com um movimento que aparentemente parecia aleatório, daí que se dissesse que erravam.
Tal como os cristãos dependem dos astros para a determinação da Páscoa, também os árabes dependeram das datas astronómicas para definir as suas cinco horas de oração diárias, para definir a direcção de Meca e o seu calendário lunar.
Entre os séculos IX e XII surgiram e desenvolveram-se três grandes centros de Astronomia árabes.
O primeiro foi na região de Bagdad, onde a "Casa da Sabedoria" criada pelos Califas Abbasid encorajou o desenvolvimento da Ciência como uma forma de louvar a Alá, tendo tido institutos em mais de um local.
O segundo centro de investigação islâmico surgiu no Cairo. Para além do mapeamento do céu, o Cairo distinguiu-se pelo trabalho intelectual do maior físico óptico islâmico, Alhazen (986-1039). Alhazen dissecou olhos de animais e desenvolveu a teoria da formação da imagem no olho. Alhazen experimentou projecções por efeito de câmara obscura e com lentes. Estudou também a refracção atmosférica.
O terceiro centro de investigação astronómica encontrava-se no sul de Espanha. Astrónomos como Arzaquel fizeram observações inéditas e desenvolveram métodos matemáticos de cálculo das trajectórias dos planetas que foram muito além dos métodos desenvolvidos pelos gregos e por Ptolomeu.
Uma das preocupações dos árabes era o desenvolvimento de modelos matemáticos para os céus que coincidissem com os movimentos observados. O trabalho de observação nos três observatórios ao longo dos séculos serviu para acumular determinações das posições dos astros com grande precisão.
Para produzir modelos coerentes foi essencial compilar o trabalho realizado pelos três institutos. Assim, arranjaram formas apropriadas de tabelar os dados astronómicos – os "Al-manunkhs" ou almanaques – cuja estrutura ainda hoje se utiliza. Desenvolveram também a Álgebra, fizeram avanços importantes na trigonometria esférica e criaram o sistema de notação numérica que chamamos hoje numeração árabe, entre outras coisas.
Apesar dos seus avanços, os astrónomos árabes sempre trabalharam dentro da lógica geocêntrica. Fizeram-no por não verem qualquer razão pela qual o Universo Aristotélico de nove esferas não pudesse ser explicado através da Física. Afinal de contas, os corpos celestes pareciam girar à volta da Terra, e fenómenos conhecidos, como a chuva, a queda de pedra ou de projécteis, pareciam revelar que a Terra ocupava o centro do universo atraindo para si todos os corpos.
Os dados recolhidos pela vigorosa Astronomia árabe foram o suporte para as teorias elaboradas por muitos astrónomos medievais europeus.
ASTRONOMIA EUROPEIA NA IDADE MÉDIA
Normalmente é assumido que não houve nenhum desenvolvimento da Astronomia digno desse nome ao longo da Idade Média e que a Igreja perseguia todos os que tinham perspectivas pró -científicas.
No entanto, até ao século XV existe uma vasta bibliografia sobre várias áreas das ciências físicas nomeadamente, ao nível da Astronomia.
Se é verdade que a Igreja controlava a forma de pensar das pessoas através de uma interferência directa na educação das mesmas, a nível universitário (pois todos os professores universitários eram clérigos e a maioria dos estudantes eram monges, frades ou noviços de padres) era ainda assim possível uma vasta liberdade de pensamento entre os eruditos. Assim, era relativamente tolerante quando as ideias surgiam da classe erudita do clero.
Nessa época o grau académico era obtido, não através de um exame escrito, mas através de uma argumentação apresentada em defesa de um qualquer tema realizada contra os que o examinavam.
Até às primeiras consequências do caso Galileu em 1615, a Igreja não tinha qualquer política oficial em relação à Ciência.
Por volta de 380 a.C. Aristóteles havia afirmado que o Universo era imutável, sendo, consequentemente, infinitamente velho, o que de certa forma contrariava a ideia de uma criação e de um início para todas as coisas que era pressuposto pela Bíblia. No entanto, a Igreja tinha conseguido acomodar a teoria Aristotélica.
Contrariamente ao que é comum ouvir-se, não se acreditava que a Terra fosse plana, como pode ser verificado por gravuras dessa época que tentam demonstrar com clareza porque é que a Terra é redonda, com melhores ou piores argumentos.
A Astronomia medieval europeia, à imagem do que aconteceu com os árabes, não foi uma época de grandes descobertas, tendo sido sobretudo uma época de aperfeiçoamento do modelo existente e aceite. Era ideia corrente entre os astrónomos que a Terra estava imóvel no centro do Universo e como ninguém tinha razões para duvidar desta verdade fundamental do sistema geocêntrico desenvolvida por Aristóteles e Ptolomeu, a tarefa dos astrónomos era passar a informação de toda a complexidade e elegância matemática e filosófica de geração para geração. O astrónomo medieval, mais do que investigador, era um erudito.
O acumular de dados relativos ao movimento das estrelas ia, no entanto, levando a que surgissem pequenas adaptações que iam complicando o formalismo matemático. No entanto, nenhuma das soluções resolvia completamente os problemas que se iam verificando à medida que os séculos iam passando. Em particular, determinadas datas consideradas constantes como, por exemplo os equinócios e os solstícios foram-se desviando das datas previstas ao longo do tempo. Isto levou a que certas datas como a Páscoa se fossem desfasando quando se comparava a data de calendário e a data celeste (a Páscoa é determinada a partir da Lua Cheia mais próxima do equinócio da Primavera).
O Calendário Moderno que ainda hoje usamos foi autorizado pelo Papa Gregório em 1582 e que sincronizou a Páscoa com os fenómenos celestes, mas a fórmula que ele utiliza demorou séculos de observação a ser desenvolvida. O tema dos calendários será abordado adiante.
A Astronomia gozava de um lugar destacado no curriculum universitário da Idade Média, que era essencialmente constituído por quatro ciências que tomavam o nome de Quadrivium: a Astronomia, a Geometria, a Aritmética e a Música. De facto, nenhum graduado universitário podia concluir o seu grau sem ser avaliado em Astronomia.
Durante os séculos XIII e XIV foram também feitas tentativas de mecanizar o astrolábio, fazendo rodar os seus discos de estrelas de forma a reproduzir o movimento dos céus.
O resultado acabou por ser bastante diferente e resultou na invenção do relógio accionado a pesos.
Foram discutidas durante a Idade Média ideias revolucionárias que apenas foram retomadas séculos mais tarde como, por exemplo, a existência do tempo. Uma discussão comum era se o Universo divino teria tempo. O Universo divino encontrar-se-ia fora do Universo físico das esferas cristalinas, sendo perfeito e imutável. Por este motivo, o tempo não poderia existir pois o tempo implicava mutação.
Thomas Bradwardine (1290-1349) discutiu as características de um possível Universo infinito e Nicole de Oresme (c. 1320-1382) argumentou ser mais razoável que a Terra tivesse uma rotação em torno de si mesma, que a ideia de todo o Universo a rodar em torno da Terra.
Nicolas de Cusa defendeu um Universo infinito geocêntrico em que para além das esferas cristalinas haveria um Universo infinito que conteria infinitos sóis iguais ao Sol.
Apesar destas ideias controversas, nenhum destes escolásticos teve problemas com a Igreja. De facto, Thomas Bradwardine veio a ser Arcebispo da Cantuária, enquanto Nicolas de Cusa e Nicole de Oresme se tornaram Bispos
Não obstante muito ligada a um modelo geocêntrico vigente, a Astronomia medieval gozou de grande dinamismo intelectual.
De facto, à nossa latitude, se estivermos a olhar para o mar, as "Ursas" parecem girar em torno da Estrela Polar, sem nunca entrarem dentro de água, tal como diziam os gregos.
Esta lenda de grande rigor observacional é válida às latitudes da Grécia e de Roma. A Estrela Polar vai ficando mais baixa à medida que nos aproximamos do equador, deixando de haver estrelas circumpolares a essa latitude. Mas os gregos nunca foram a latitudes tão baixas, pelo que era difícil terem conhecimento desse facto.
A primeira visão do mundo terá obviamente assumido uma realidade local, isto é, que a Terra seria plana.
Os primeiros cosmólogos gregos que são conhecidos a partir de documentos escritos são da próspera ilha grega de Jónia. Anaximenes sugeria que o Sol não se punha, mas apenas era tapado por zonas mais elevadas que existiam a Norte. Claro que isto não explicava porque existia a noite cerrada.
Empédocles viria a explicar os dias e as noites através do modelo da dupla esfera. Uma esfera interior era luminosa numa metade e transparente na outra metade e dava uma volta a cada 24 horas. A outra esfera continha o firmamento visível à noite e que rodava uma vez a cada 365 dias.
Mas se a estabilidade do seu modelo da Terra não estava em dúvida, o status dos céus como um Cosmos onde prevalecia a ordem esteve em questão até que se conseguiu criar leis de movimento que conseguissem explicar os astros "errantes". Com sete pequenas excepções, os corpos celestes moviam-se de uma forma perfeitamente racional, rodando com uma regularidade extrema em torno da Terra com posições fixas, uns em relação aos outros.
Uma vez que os astros "errantes" parecem errar entre os "fixas" de noite para noite ao longo do ano, foi-lhes dado o nome de planetas (derivado do verbo grego equivalente a "errar"). Os sete "planetas" – o Sol, a Lua, Mercúrio, Vénus, Marte, Júpiter e Saturno – moviam-se individualmente entre as fixas, com velocidades diferentes e com um movimento que aparentemente parecia aleatório, daí que se dissesse que erravam.
Instrumentos Astronómicos na Antiguidade
Os instrumentos com que os árabes trabalhavam tornaram-se altamente especializados, embora não possuíssem telescópios. A sua preocupação em determinar posições angulares de relação entre os corpos celestes levou a que desenvolvessem instrumentos que permitissem medir ângulos.
Foi também neste período que, sob a influência do desenvolvimento da Astronomia árabe, começaram a ser aperfeiçoados instrumentos específicos (leves e menos sensíveis aos ventos) para a navegação que seriam utilizados em todo o período da expansão, nomeadamente o quadrante marítimo em madeira, o astrolábio náutico para a determinação da latitude e a balestilha.
O astrolábio é um instrumento usado para medir a altura dos astros acima do horizonte. Inventado por Hiparco de Nicéia, era usado para determinar a posição dos astros no céu e foi por muito tempo utilizado como instrumento para a navegação marítima com base na determinação da posição das estrelas no céu.
O astrolábio astronómico consistia numa série de placas circulares de latão acopladas a um transferidor com uma mira-ponteiro que permitia medir a altura dos astros, para além de realizar cálculos.
O disco inicial foi parcialmente aberto para diminuir a resistência ao vento. O manejo do astrolábio exigia a participação de duas pessoa; consistia em grande círculo, por cujo interior corria uma régua; um homem suspendia o astrolábio na altura dos olhos, alinhando a régua com o sol enquanto outro lia os graus marcados no círculo.
Mais tarde, o astrolábio foi simplificado e substituído pelo sextante.
O sextante é um instrumento destinado a medir ângulos horizontais e verticais, especialmente a altura dos astros. O seu limbo tem uma extensão angular de 60º (origem da designação sextante) e está graduado de 0º a 120º. Nele corre uma alidade destinada a apontar o instrumento ao objecto visado e a realizar a leitura do ângulo medido. Um sistema de dupla reflexão, formado por um espelho móvel e um espelho fixo, permite efectuar a coincidência entre as imagens do horizonte visual e do objecto observado (ou dos dois objectos observados, no caso de se pretender medir o ângulo entre eles).
Outro instrumento utilizado é o quadrante.
Tal como o nome indica, um quadrante é um instrumento que consiste, essencialmente, num quarto de círculo graduado, ao qual se associa um fio-de-prumo. A sua função primária é a medição de alturas (sendo altura aqui entendida como distância angular de um objecto em relação ao horizonte), mas terão existido formas mais sofisticadas, com traçados que permitiam determinar a hora a partir da altura do Sol. Foi porventura o primeiro instrumento astronómico utilizado pelos navegadores portugueses e terá sido empregue, sobretudo, na medição da altura da Estrela Polar para determinar a latitude.
Quando se encontravam no hemisfério norte, os navegadores portugueses utilizavam o quadrante para calcular a latitude a partir desta estrela, uma vez que, em primeira aproximação, a sua altura é igual à latitude do lugar de observação. Estes procedimentos darão matéria para uma discussão sobre a precisão das medições e a importância da tecnologia no aumento dessa precisão. Uma actividade interessante consiste em comparar o comportamento da Polar em relação às outras estrelas, no que se refere à sua posição aparente.
O quadrante também pode ser utilizado para medir a separação angular entre objectos astronómicos.
Não existem vantagens nem desvantagens entre esses instrumentos antigos de navegação de certa forma são instrumentos perfeitos que atendem suas funções. A função do astrolábio é uma e o quadrante é outra. A única diferença (interpretada com vantagem) é o facto de um ser um instrumento terrestre para usar numa ilha ou num continente e mirar uma determinada estrela próximo ao polo Estrela Polar e o outro um instrumento de bordo mais fácil de trabalhar para calcular a passagem meridiana com a sombra do sol ambos funcionavam bem tanto no hemisfério sul como no hemisfério norte mas principalmente o astrolábio pelo seu peso é indicado para funcionar embarcado, capaz de permanecer na vertical apesar do balanço do navio!
A balestilha é um instrumento utilizado para determinar a latitude. Foi bastante utilizado pelos Portugueses na Época dos Descobrimentos. Era usada para ajudar a determinar a latitude do navio através de observações da altura do Sol. A origem do seu nome remonta ou de “balhestra”, que significa besta, a arma medieval, ou, mais provavelmente, do árabe “balisti”, que significa altura.
É basicamente constituída por uma régua de madeira e pelo virote na qual se coloca a soalha que corre na perpendicular em relação ao virote. A leitura do ponto onde se encontrava o astro era feita no ponto da escala gravada no virote onde a soalha se encontrava.
Terá sido o primeiro instrumento desta época a utilizar o horizonte do mar, mesmo tendo aparecido depois do astrolábio e do quadrante.
Foi também neste período que, sob a influência do desenvolvimento da Astronomia árabe, começaram a ser aperfeiçoados instrumentos específicos (leves e menos sensíveis aos ventos) para a navegação que seriam utilizados em todo o período da expansão, nomeadamente o quadrante marítimo em madeira, o astrolábio náutico para a determinação da latitude e a balestilha.
O astrolábio é um instrumento usado para medir a altura dos astros acima do horizonte. Inventado por Hiparco de Nicéia, era usado para determinar a posição dos astros no céu e foi por muito tempo utilizado como instrumento para a navegação marítima com base na determinação da posição das estrelas no céu.
O astrolábio astronómico consistia numa série de placas circulares de latão acopladas a um transferidor com uma mira-ponteiro que permitia medir a altura dos astros, para além de realizar cálculos.
O disco inicial foi parcialmente aberto para diminuir a resistência ao vento. O manejo do astrolábio exigia a participação de duas pessoa; consistia em grande círculo, por cujo interior corria uma régua; um homem suspendia o astrolábio na altura dos olhos, alinhando a régua com o sol enquanto outro lia os graus marcados no círculo.
Mais tarde, o astrolábio foi simplificado e substituído pelo sextante.
O sextante é um instrumento destinado a medir ângulos horizontais e verticais, especialmente a altura dos astros. O seu limbo tem uma extensão angular de 60º (origem da designação sextante) e está graduado de 0º a 120º. Nele corre uma alidade destinada a apontar o instrumento ao objecto visado e a realizar a leitura do ângulo medido. Um sistema de dupla reflexão, formado por um espelho móvel e um espelho fixo, permite efectuar a coincidência entre as imagens do horizonte visual e do objecto observado (ou dos dois objectos observados, no caso de se pretender medir o ângulo entre eles).
Outro instrumento utilizado é o quadrante.
Tal como o nome indica, um quadrante é um instrumento que consiste, essencialmente, num quarto de círculo graduado, ao qual se associa um fio-de-prumo. A sua função primária é a medição de alturas (sendo altura aqui entendida como distância angular de um objecto em relação ao horizonte), mas terão existido formas mais sofisticadas, com traçados que permitiam determinar a hora a partir da altura do Sol. Foi porventura o primeiro instrumento astronómico utilizado pelos navegadores portugueses e terá sido empregue, sobretudo, na medição da altura da Estrela Polar para determinar a latitude.
Quando se encontravam no hemisfério norte, os navegadores portugueses utilizavam o quadrante para calcular a latitude a partir desta estrela, uma vez que, em primeira aproximação, a sua altura é igual à latitude do lugar de observação. Estes procedimentos darão matéria para uma discussão sobre a precisão das medições e a importância da tecnologia no aumento dessa precisão. Uma actividade interessante consiste em comparar o comportamento da Polar em relação às outras estrelas, no que se refere à sua posição aparente.
O quadrante também pode ser utilizado para medir a separação angular entre objectos astronómicos.
Não existem vantagens nem desvantagens entre esses instrumentos antigos de navegação de certa forma são instrumentos perfeitos que atendem suas funções. A função do astrolábio é uma e o quadrante é outra. A única diferença (interpretada com vantagem) é o facto de um ser um instrumento terrestre para usar numa ilha ou num continente e mirar uma determinada estrela próximo ao polo Estrela Polar e o outro um instrumento de bordo mais fácil de trabalhar para calcular a passagem meridiana com a sombra do sol ambos funcionavam bem tanto no hemisfério sul como no hemisfério norte mas principalmente o astrolábio pelo seu peso é indicado para funcionar embarcado, capaz de permanecer na vertical apesar do balanço do navio!
A balestilha é um instrumento utilizado para determinar a latitude. Foi bastante utilizado pelos Portugueses na Época dos Descobrimentos. Era usada para ajudar a determinar a latitude do navio através de observações da altura do Sol. A origem do seu nome remonta ou de “balhestra”, que significa besta, a arma medieval, ou, mais provavelmente, do árabe “balisti”, que significa altura.
É basicamente constituída por uma régua de madeira e pelo virote na qual se coloca a soalha que corre na perpendicular em relação ao virote. A leitura do ponto onde se encontrava o astro era feita no ponto da escala gravada no virote onde a soalha se encontrava.
Terá sido o primeiro instrumento desta época a utilizar o horizonte do mar, mesmo tendo aparecido depois do astrolábio e do quadrante.
Os Astrónomos da Grécia Antiga
Tales de Mileto (624 - 546 a.C.) introduziu na Grécia os fundamentos da astronomia, trazidos do Egipto. Pensava que a Terra era um disco plano em uma vasta extensão de água.
Pitágoras de Samos (572 - 497 a.C.) acreditava na esfericidade da Terra, da Lua e de outros corpos celestes. Achava que os planetas, o Sol, e a Lua eram transportados por esferas separadas da que carregava as estrelas. Foi o primeiro a chamar o céu de cosmos.
Aristóteles de Estagira (384 - 322 a.C.) explicou que as fases da Lua dependem de quanto da parte da face da Lua iluminada pelo Sol está voltada para a Terra. Explicou, também, os eclipses: um eclipse do Sol ocorre quando a Lua passa entre a Terra e o Sol; um eclipse da Lua ocorre quando a Lua entra na sombra da Terra.
Aristóteles argumentou a favor da esfericidade da Terra, já que a sombra da Terra na Lua durante um eclipse lunar é sempre arredondada. Afirmava que o Universo é esférico e finito.
Aperfeiçoou a teoria das esferas concêntricas de Eudoxus de Cnidus (408-355 a.C.), propondo, no seu livro De Caelo, que "o Universo é finito e esférico, ou não terá centro e não pode se mover."
Aristóteles e Eudóxio propuseram sistemas dos mundos em que os planetas girariam em esferas concêntricas, com o centro das esferas dado pela Terra (Figura 2); no entanto este sistema não explicava que o carácter errante dos astros, nem as variações de velocidade que os mesmos apresentavam em relação ao fundo cósmico.
O carácter errante dos planetas apenas viria a ter pela primeira vez uma descrição convincente com o trabalho de Ptolomeu no século II D.C..
Figura 2 – O Cosmos de Aristóteles.
Heraclito de Pontus (388 - 315 a.C.) filósofo e astrónomo grego, discípulo de Platão. Foi o primeiro a afirmar o movimento de rotação da Terra, propondo que esta girava diariamente sobre seu próprio eixo, que Vénus e Mercúrio orbitam o Sol, e a existência de epiciclos.
Aristarco de Samos (310-230 a.C.) foi o primeiro a propor a Terra se movia em volta do Sol, antecipando Copérnico quase 2000 anos. Entre outras coisas, desenvolveu um método para determinar as distâncias relativas do Sol e da Lua à Terra e mediu os tamanhos relativos da Terra, do Sol e da Lua.
Eratóstenes de Cirênia (276 - 194 a.C.), nasceu em Cirene (actualmente na Líbia) em 276 a.C.. Foi astrónomo, historiador, geógrafo, filósofo, poeta, crítico teatral e matemático. Estudou em Alexandria e Atenas. Por volta de 255 A.C. foi o terceiro director da Biblioteca de Alexandria. Trabalhou com problemas matemáticos como a duplicação do cubo, os números primos e escreveu inúmeros livros que foram quase todos perdidos quando do incêndio da Biblioteca de Alexandria e dos quais apenas se sabe da existência pela referência nas obras de outros autores. Por esta razão, muitos põem em dúvida que algumas das determinações que lhe são atribuídas sejam de facto suas. Foi o primeiro a medir o diâmetro da Terra.
Ele notou que, ao ler um papiro da Biblioteca, encontrou a informação de que na cidade egípcia de Siena (actualmente chamada Assuão), a cerca de 800 km a sul de Alexandria, ao meio-dia de 21 de Junho (solstício de verão) podia observar-se o fundo de um poço iluminado pelo Sol, ou seja, o Sol estava incidindo perpendicularmente à Terra em Siena. Já em Alexandria isso não ocorria; medindo o tamanho da sombra de um bastão na vertical, Eratóstenes observou que em Alexandria, no mesmo dia e hora, o Sol estava aproximadamente 7ºmais ao sul.
Por que seriam as sombras diferentes, no mesmo dia e à mesma hora? Eratóstenes previu correctamente a resposta: porque a terra é redonda. Se fosse plana, as sombras seriam necessariamente iguais.
É fácil ver que o ângulo que o raio do Sol faz com a vertical em Alexandria é exactamente a diferença de latitudes entre Alexandria e Siena.
Figura 5 – Se a Terra fosse plana, o ângulo de incidência dos raios solares seria igual em toda a superfície da Terra.
A distância entre Alexandria e Siena tinha cerca de 4900 estádios. Um estádio era uma unidade de distância usada na Grécia antiga (cada estádio corresponde a cerca de 190 m).
Como 7 graus corresponde a 1/50 de um círculo (360 graus), Alexandria deveria estar a 1/50 da circunferência da Terra.
Assumindo que a Terra, além de redonda, era esférica, Eratóstenes calculou que se à diferença de 7º na latitude correspondiam a 4900 estádios, então os 360º do meridiano teriam um perímetro de 252 000 estádios (há autores que defendem que terá calculado 250 000 stadia).
Eratóstenes também estimou a distância ao Sol em 804,000,000 stadia e a distância à Lua em 780,000 stadia. Obteve estes dados usando dados obtidos durante os eclipses de Lua.
Ptolomeu referiria mais tarde que Eratóstenes mediu o desvio do plano da eclíptica relativamente ao equador celeste com grande precisão, obtendo o valor 11/83 de 180º, o que significa 23º 51’ 15", o que é bastante próximo dos actualmente aceites 23º 27’ 30". Compilou ainda um catálogo de 675 estrelas.
Hiparco (194 a.C. - 120 a.C.), em grego Hipparkhos, nascido em Nicéia, na Bitínia, na Ásia Menor, foi um astrónomo, construtor, cartógrafo e matemático.
Considerado o maior astrónomo da era pré-cristã, viveu em Alexandria e em Rodes a partir dos 30 anos e se dedicou ao estudo das estrelas até a sua morte. Ele usou e introduziu na Grécia a divisão da circunferência em 360º, dos babilónicos, ao invés da divisão grega em 60 graus. Estudou também as funções trigonométricas, sendo, assim, por alguns, considerado o criador da Trigonometria.
Dividindo o diâmetro do círculo em 120 partes, ele determinou, pelo cálculo, e não somente por aproximações, o valor das cordas com relação às diversas partes do diâmetro.
Construiu a dioptra ou bastão de Tiago, uma régua graduada, com um guia e um cursor, usada para medir ângulos.
Estabeleceu uma tabela de cordas para facilitar os cálculos astronómicos e desenvolveu um método para a solução dos triângulos esféricos. Na geometria plana, elaborou um teorema conhecido como o teorema de Ptolomeu.
A ele se atribui a invenção da esfera armilar ou astrolábio esférico.
Hiparco também elaborou uma tabela de ascensão dos signos, estudou a determinação da hora nocturna, mediu as dimensões de distâncias do Sol e da Lua. Por volta de 128 a.C., escreveu "Sobre a Posição dos Pontos de Equinócio e de Solstício", onde comparou as suas observações com as do estudioso Timocárides. Neste estudo verificou que as posições estelares não são fixas. Escreveu também "Sobre a Duração do Ano" onde disse que os equinócios se deslocam sobre a eclíptica, em uma velocidade de 1/100 de grau por ano e que este movimento acontece em volta dos pólos da eclítica. Definiu com maior precisão o ano sideral e ano trópico.
A sua última obra foi o "Catálogo das Estrelas Fixas", onde descreve a forma das constelações e enumera 850 delas, compilando um catálogo com a posição no céu e a magnitude destas. A magnitude, que especificava o brilho da estrela, era dividida em seis categorias, de 1 a 6, sendo 1 a mais brilhante, e 6 a mais. Também aí, informou as coordenadas eclípicas destas, sendo que uma delas, a longitude, variava devido à precessão dos equinócios.
Hiparco inventou a projecção estereográfica e idealizou uma rede fundamental, em que toda a Terra estaria representada graficamente e qualquer ponto pudesse ser encontrado com o uso da latitude e da longitude.
Por haver idealizado a comparação de posições estelares em diferentes épocas, Hiparco é o iniciador de métodos que foram usados pelos 2000 anos seguintes.
Quase todas as suas obras se perderam. O que hoje se sabe sobre Hiparco advém de historiadores ou outros astrónomos. O seu único trabalho que sobreviveu ao tempo é um comentário sobre "Fenómenos", um tratado de astronomia escrito por Eudóxio de Cnido, contemporâneo de Platão. O comentário a um poema astronómico de Arato de Soles, uma descrição de constelações. Fora esse trabalho menor, o único conhecimento que se tem da obra de Hiparco está em escritos posteriores, especialmente nos de Estrabão e de Ptolomeu, nomeadamente no Almagesto.
Nem mesmo se encontrou o local em que ele fundou um observatório, em Rodes; mas sabe-se com certeza que desenvolveu ali importantes actividades de 128 a 127 a.C.
Segundo historiadores, até o final da vida dedicou-se ao estudo da Lua e elaborou a previsão dos eclipses futuros, por 600 anos.
Claudius Ptolemaeus, Ptolemeu ou Ptolomeu, (85 - 165 d.C.) foi um polímata grego reconhecido pelos seus trabalhos em astrologia, astronomia e cartografia (onde ficou conhecido por ser um dos primeiros cartógrafos, se não o primeiro, a usar escala em mapas). Ptolomeu viveu e trabalhou em Alexandria, no Egito.
Os seus antepassados lutaram ao lado de Alexandre Magno, no século IV a.C., herdando o Egito, que seria governado até à anexação romana pela dinastia ptolomaica, após a morte de Alexandre (323 a.C.).
A sua grande obra astrológica ficou conhecida como Tetrabiblos, o primeiro manual da especialidade, baseado em escritos e documentos mais antigos babilónicos, egípcios e gregos. É o autor da obra Geografia, em oito volumes. O seu sistema cosmológico ensinava que a Terra estava no centro e os outros corpos descreviam círculos concêntricos ao seu redor. Ptolomeu foi considerado o primeiro "cientista celeste".
Ele sofria sérios problemas com supostas "vozes" interiores. Muitos historiadores afirmam ter sido Ptolomeu quem escreveu que "a soma de dois catetos elevados ao quadrado é igual ao quadrado da hipotenusa", o teorema atribuído ao Pitágoras.
Ptolomeu foi o último astrónomo importante da antiguidade. Não se sabe se ele era egípcio ou romano.
Fez grandes contribuições para a Ciência, não apenas à Astronomia, mas também à Matemática e à Geografia. Ele reuniu uma série de treze volumes sobre astronomia, conhecida como o Almagest (Figura 9), que é a maior fonte de conhecimento sobre a astronomia na Grécia.
Também fez medidas cuidadosas dos planetas e elevou o sistema geocêntrico a um nível de funcionamento quase perfeito. Não acreditava na rotação da Terra e não tinha qualquer ideia sobre a natureza das estrelas, mas o seu sistema encaixava nos factos observados.
O Almagest é considerado por muitos como a maior compilação de conhecimentos da Antiguidade. Tem havido muitas tentativas de minimizar a importância de Ptolomeu. No entanto, muitos dos que estudam a história da Astronomia cognominaram-no de "Príncipe dos Astrónomos".
No Almagest, Ptolomeu sugere um sistema dos mundos geocêntrico. O sistema geocêntrico resultante é muitas vezes chamado sistema ptolemaico. Este sistema possuía pela primeira vez a explicação para o carácter errante dos planetas, para além de explicar as diferenças de velocidade entre os diferentes pontos da alegada órbita do planeta em torno da Terra.
Era um sistema extremamente complexo conjugando movimentos circulares uniformes em combinações variadas.
Pitágoras de Samos (572 - 497 a.C.) acreditava na esfericidade da Terra, da Lua e de outros corpos celestes. Achava que os planetas, o Sol, e a Lua eram transportados por esferas separadas da que carregava as estrelas. Foi o primeiro a chamar o céu de cosmos.
Aristóteles de Estagira (384 - 322 a.C.) explicou que as fases da Lua dependem de quanto da parte da face da Lua iluminada pelo Sol está voltada para a Terra. Explicou, também, os eclipses: um eclipse do Sol ocorre quando a Lua passa entre a Terra e o Sol; um eclipse da Lua ocorre quando a Lua entra na sombra da Terra.
Aristóteles argumentou a favor da esfericidade da Terra, já que a sombra da Terra na Lua durante um eclipse lunar é sempre arredondada. Afirmava que o Universo é esférico e finito.
Aperfeiçoou a teoria das esferas concêntricas de Eudoxus de Cnidus (408-355 a.C.), propondo, no seu livro De Caelo, que "o Universo é finito e esférico, ou não terá centro e não pode se mover."
Aristóteles e Eudóxio propuseram sistemas dos mundos em que os planetas girariam em esferas concêntricas, com o centro das esferas dado pela Terra (Figura 2); no entanto este sistema não explicava que o carácter errante dos astros, nem as variações de velocidade que os mesmos apresentavam em relação ao fundo cósmico.
O carácter errante dos planetas apenas viria a ter pela primeira vez uma descrição convincente com o trabalho de Ptolomeu no século II D.C..
Figura 2 – O Cosmos de Aristóteles.
Heraclito de Pontus (388 - 315 a.C.) filósofo e astrónomo grego, discípulo de Platão. Foi o primeiro a afirmar o movimento de rotação da Terra, propondo que esta girava diariamente sobre seu próprio eixo, que Vénus e Mercúrio orbitam o Sol, e a existência de epiciclos.
Aristarco de Samos (310-230 a.C.) foi o primeiro a propor a Terra se movia em volta do Sol, antecipando Copérnico quase 2000 anos. Entre outras coisas, desenvolveu um método para determinar as distâncias relativas do Sol e da Lua à Terra e mediu os tamanhos relativos da Terra, do Sol e da Lua.
Eratóstenes de Cirênia (276 - 194 a.C.), nasceu em Cirene (actualmente na Líbia) em 276 a.C.. Foi astrónomo, historiador, geógrafo, filósofo, poeta, crítico teatral e matemático. Estudou em Alexandria e Atenas. Por volta de 255 A.C. foi o terceiro director da Biblioteca de Alexandria. Trabalhou com problemas matemáticos como a duplicação do cubo, os números primos e escreveu inúmeros livros que foram quase todos perdidos quando do incêndio da Biblioteca de Alexandria e dos quais apenas se sabe da existência pela referência nas obras de outros autores. Por esta razão, muitos põem em dúvida que algumas das determinações que lhe são atribuídas sejam de facto suas. Foi o primeiro a medir o diâmetro da Terra.
Ele notou que, ao ler um papiro da Biblioteca, encontrou a informação de que na cidade egípcia de Siena (actualmente chamada Assuão), a cerca de 800 km a sul de Alexandria, ao meio-dia de 21 de Junho (solstício de verão) podia observar-se o fundo de um poço iluminado pelo Sol, ou seja, o Sol estava incidindo perpendicularmente à Terra em Siena. Já em Alexandria isso não ocorria; medindo o tamanho da sombra de um bastão na vertical, Eratóstenes observou que em Alexandria, no mesmo dia e hora, o Sol estava aproximadamente 7ºmais ao sul.
Por que seriam as sombras diferentes, no mesmo dia e à mesma hora? Eratóstenes previu correctamente a resposta: porque a terra é redonda. Se fosse plana, as sombras seriam necessariamente iguais.
É fácil ver que o ângulo que o raio do Sol faz com a vertical em Alexandria é exactamente a diferença de latitudes entre Alexandria e Siena.
Figura 5 – Se a Terra fosse plana, o ângulo de incidência dos raios solares seria igual em toda a superfície da Terra.
A distância entre Alexandria e Siena tinha cerca de 4900 estádios. Um estádio era uma unidade de distância usada na Grécia antiga (cada estádio corresponde a cerca de 190 m).
Como 7 graus corresponde a 1/50 de um círculo (360 graus), Alexandria deveria estar a 1/50 da circunferência da Terra.
Assumindo que a Terra, além de redonda, era esférica, Eratóstenes calculou que se à diferença de 7º na latitude correspondiam a 4900 estádios, então os 360º do meridiano teriam um perímetro de 252 000 estádios (há autores que defendem que terá calculado 250 000 stadia).
Eratóstenes também estimou a distância ao Sol em 804,000,000 stadia e a distância à Lua em 780,000 stadia. Obteve estes dados usando dados obtidos durante os eclipses de Lua.
Ptolomeu referiria mais tarde que Eratóstenes mediu o desvio do plano da eclíptica relativamente ao equador celeste com grande precisão, obtendo o valor 11/83 de 180º, o que significa 23º 51’ 15", o que é bastante próximo dos actualmente aceites 23º 27’ 30". Compilou ainda um catálogo de 675 estrelas.
Hiparco (194 a.C. - 120 a.C.), em grego Hipparkhos, nascido em Nicéia, na Bitínia, na Ásia Menor, foi um astrónomo, construtor, cartógrafo e matemático.
Considerado o maior astrónomo da era pré-cristã, viveu em Alexandria e em Rodes a partir dos 30 anos e se dedicou ao estudo das estrelas até a sua morte. Ele usou e introduziu na Grécia a divisão da circunferência em 360º, dos babilónicos, ao invés da divisão grega em 60 graus. Estudou também as funções trigonométricas, sendo, assim, por alguns, considerado o criador da Trigonometria.
Dividindo o diâmetro do círculo em 120 partes, ele determinou, pelo cálculo, e não somente por aproximações, o valor das cordas com relação às diversas partes do diâmetro.
Construiu a dioptra ou bastão de Tiago, uma régua graduada, com um guia e um cursor, usada para medir ângulos.
Estabeleceu uma tabela de cordas para facilitar os cálculos astronómicos e desenvolveu um método para a solução dos triângulos esféricos. Na geometria plana, elaborou um teorema conhecido como o teorema de Ptolomeu.
A ele se atribui a invenção da esfera armilar ou astrolábio esférico.
Hiparco também elaborou uma tabela de ascensão dos signos, estudou a determinação da hora nocturna, mediu as dimensões de distâncias do Sol e da Lua. Por volta de 128 a.C., escreveu "Sobre a Posição dos Pontos de Equinócio e de Solstício", onde comparou as suas observações com as do estudioso Timocárides. Neste estudo verificou que as posições estelares não são fixas. Escreveu também "Sobre a Duração do Ano" onde disse que os equinócios se deslocam sobre a eclíptica, em uma velocidade de 1/100 de grau por ano e que este movimento acontece em volta dos pólos da eclítica. Definiu com maior precisão o ano sideral e ano trópico.
A sua última obra foi o "Catálogo das Estrelas Fixas", onde descreve a forma das constelações e enumera 850 delas, compilando um catálogo com a posição no céu e a magnitude destas. A magnitude, que especificava o brilho da estrela, era dividida em seis categorias, de 1 a 6, sendo 1 a mais brilhante, e 6 a mais. Também aí, informou as coordenadas eclípicas destas, sendo que uma delas, a longitude, variava devido à precessão dos equinócios.
Hiparco inventou a projecção estereográfica e idealizou uma rede fundamental, em que toda a Terra estaria representada graficamente e qualquer ponto pudesse ser encontrado com o uso da latitude e da longitude.
Por haver idealizado a comparação de posições estelares em diferentes épocas, Hiparco é o iniciador de métodos que foram usados pelos 2000 anos seguintes.
Quase todas as suas obras se perderam. O que hoje se sabe sobre Hiparco advém de historiadores ou outros astrónomos. O seu único trabalho que sobreviveu ao tempo é um comentário sobre "Fenómenos", um tratado de astronomia escrito por Eudóxio de Cnido, contemporâneo de Platão. O comentário a um poema astronómico de Arato de Soles, uma descrição de constelações. Fora esse trabalho menor, o único conhecimento que se tem da obra de Hiparco está em escritos posteriores, especialmente nos de Estrabão e de Ptolomeu, nomeadamente no Almagesto.
Nem mesmo se encontrou o local em que ele fundou um observatório, em Rodes; mas sabe-se com certeza que desenvolveu ali importantes actividades de 128 a 127 a.C.
Segundo historiadores, até o final da vida dedicou-se ao estudo da Lua e elaborou a previsão dos eclipses futuros, por 600 anos.
Claudius Ptolemaeus, Ptolemeu ou Ptolomeu, (85 - 165 d.C.) foi um polímata grego reconhecido pelos seus trabalhos em astrologia, astronomia e cartografia (onde ficou conhecido por ser um dos primeiros cartógrafos, se não o primeiro, a usar escala em mapas). Ptolomeu viveu e trabalhou em Alexandria, no Egito.
Os seus antepassados lutaram ao lado de Alexandre Magno, no século IV a.C., herdando o Egito, que seria governado até à anexação romana pela dinastia ptolomaica, após a morte de Alexandre (323 a.C.).
A sua grande obra astrológica ficou conhecida como Tetrabiblos, o primeiro manual da especialidade, baseado em escritos e documentos mais antigos babilónicos, egípcios e gregos. É o autor da obra Geografia, em oito volumes. O seu sistema cosmológico ensinava que a Terra estava no centro e os outros corpos descreviam círculos concêntricos ao seu redor. Ptolomeu foi considerado o primeiro "cientista celeste".
Ele sofria sérios problemas com supostas "vozes" interiores. Muitos historiadores afirmam ter sido Ptolomeu quem escreveu que "a soma de dois catetos elevados ao quadrado é igual ao quadrado da hipotenusa", o teorema atribuído ao Pitágoras.
Ptolomeu foi o último astrónomo importante da antiguidade. Não se sabe se ele era egípcio ou romano.
Fez grandes contribuições para a Ciência, não apenas à Astronomia, mas também à Matemática e à Geografia. Ele reuniu uma série de treze volumes sobre astronomia, conhecida como o Almagest (Figura 9), que é a maior fonte de conhecimento sobre a astronomia na Grécia.
Também fez medidas cuidadosas dos planetas e elevou o sistema geocêntrico a um nível de funcionamento quase perfeito. Não acreditava na rotação da Terra e não tinha qualquer ideia sobre a natureza das estrelas, mas o seu sistema encaixava nos factos observados.
O Almagest é considerado por muitos como a maior compilação de conhecimentos da Antiguidade. Tem havido muitas tentativas de minimizar a importância de Ptolomeu. No entanto, muitos dos que estudam a história da Astronomia cognominaram-no de "Príncipe dos Astrónomos".
No Almagest, Ptolomeu sugere um sistema dos mundos geocêntrico. O sistema geocêntrico resultante é muitas vezes chamado sistema ptolemaico. Este sistema possuía pela primeira vez a explicação para o carácter errante dos planetas, para além de explicar as diferenças de velocidade entre os diferentes pontos da alegada órbita do planeta em torno da Terra.
Era um sistema extremamente complexo conjugando movimentos circulares uniformes em combinações variadas.
ASTRONOMIA NA ANTIGUIDADE
A ASTRONOMIA NO MÉDIO ORIENTE
A Astronomia teve dois objectivos relacionados um com o outro. Por um lado, mostrar que os movimentos dos planetas não eram aleatórios mas sim regulares e previsíveis e, por outro, ser capaz de prever esses mesmos movimentos com grande perspicácia.
O primeiro dos dois objectivos foi definido pelos Gregos, tendo o esforço quanto ao rigor das primeiras medições sido primeiramente desenvolvido pela distinta civilização da Babilónia.
Quando Alexandre, o Grande, invadiu a Pérsia no século IV a.C., as duas formas de estudar o céu fundiram-se.
Babilónia
Os primeiros observadores celestes da Babilónia são muitas vezes encarados como astrólogos. No entanto, esta visão não está correcta. Os babilónicos estavam extremamente alertas relativamente a quaisquer fenómenos ou ocorrências da Natureza em qualquer área do saber, tentando prevê-las de forma a evitar eventuais desastres provocados pelas mesmas.
O calendário babilónico era lunar, pelo que o ciclo da Lua era de extrema importância.
Tendo os meses lunares de cerca de 28 dias, o calendário das culturas determinado pelo ano solar tinha entre doze e treze meses. Durante muito tempo os babilónicos tiveram que fazer ajustes, mas por volta do século V a.C. descobriram que 235 meses lunares eram exactamente 19 anos solares. Assim, passaram a intercalar 7 meses em cada 19 anos de forma regular.
O calendário lunar da Babilónia foi o primeiro a ser dividido em quatro períodos correspondentes às quatro fases da Lua. Esta divisão em períodos de sete dias deu origem às semanas tal como as conhecemos hoje. De facto, como se pode ver da Tabela 1, o nome dos dias da semana advém do nome do objecto celeste adorado em cada dia na Babilónia.
Os Babilónia transferiram para os gregos as suas aritméticas envolvendo o tempo e distâncias angulares. Era isto precisamente que faltava aos gregos para transformar as suas cosmologias teóricas em modelos geométricos a partir dos quais se puderam determinar com elevada precisão os acontecimento.
Mesopotâmia
Com relação aos primeiros povos pré-cursores da astronomia, na antiguidade, podemos dizer que não há uma certeza, alguns autores afirmam que foram os Sumérios, já outros acreditam ter sido os Caldeus, enfim, o interessante é que ambos tiveram contribuição e por incrível que pareça, os seus estudos foram bastante parecidos , pois ambos associaram os astros vistos no céu a divindades e demónios. Estes acreditavam que as estrelas e os planetas tinham alguma influência nas suas vidas e foi daí que surgiu, inicialmente, a astrologia. Os Sumérios confiavam que os seus destinos, na terra, eram determinados pelos astros, levando a sério esses estudos. Os Caldeus, por sua vez, acreditavam na influência de demónios, que actuavam na natureza e tinham a pretensão de atemorizar o homem e causar-lhe sofrimento e dor. Infelizmente, não há um estudo aprofundado a respeito dos povos antigos da mesopotâmia em relação aos seus estudos sobre os astros. Segundo as escritas encontradas em tábuas de argila, eles já sabiam a duração do mês, conseguiam prever eclipses e também possuíam conhecimentos sobre as durações das fases da lua.
Egipto
Os astros para os egípcios tinham um significado muito importante em termos de misticismo e crenças, em especial o astro rei, o “Sol”, que para eles era conhecido como o Deus Rá. Para os sacerdotes egípcios, o sol, os planetas e as estrelas mais brilhantes do céu, eram sagrados porque eles consideravam-nos como Deuses. Embora os castigassem com secas no Verão, quando surgia a estrela Sírius no céu, eram recompensados com as cheias do rio Nilo, permitindo a plantação e a colheita. Os faraós também utilizaram os astros a seu favor pois, uma vez que eles eram os filhos do Sol e, assim, considerados como deuses, puderam governar sem muita interferência de grupos de pessoas que pudessem revoltar-se contra o sistema; Sem falar que, a população dificilmente discordaria dos Faraós porque acreditavam que, caso o fizessem seriam castigados pelos ” Deuses”.
Os egípcios tinham um sistema dos mundos profundamente mitológico. No entanto, tinham noções observacionais muito concretas e correctas.
Para a construção das pirâmides era importante achar o alinhamento a Norte, pois uma das faces deveria ficar perfeitamente virada a Norte. Os Faraós, com a ajuda de uma sacerdotisa e de escravos, alinhavam estacas na direcção Norte, procurando-a com as guardas da Ursa Maior . O alinhamento obtido era então usado para construir as partes laterais da pirâmide, perpendicularmente às quais deveriam ficar os topos sul e norte (Figura 7).
O facto da transmissão do conhecimento ser empírico, e não actualizado, faz com que as pirâmides do Egipto, além de possuírem desfasamentos ligeiros relativamente ao Norte verdadeiro, tenham desfasamentos diferentes de pirâmide para pirâmide à medida que o eixo da Terra foi precedendo.
Grécia
Entre todos os povos da antiguidade ocidental, os gregos foram os primeiros que, para além de acumularem registos dos observados (o que quase todos os povos tinham feito), souberam afastar o sobrenatural, a magia e a superstição da interpretação dos fenómenos observados, especialmente no que se refere aos acontecimentos celestes. Com os gregos, essas explicações passam a ser naturais, mecânicas, geométricas, etc., deduzindo-se teorias a partir dos factos observados e da experiência. Tais explicações continham já o início da atitude científica e originaram progressos notáveis, em poucos séculos.
O ápice da ciência antiga deu-se na Grécia, de 600 a.C. a 400 d.C.. Do esforço dos gregos em conhecer a natureza do cosmos, e com o conhecimento herdado dos povos mais antigos, surgiram os primeiros conceitos de Esfera Celeste, uma esfera de material cristalino, incrustada de estrelas. Desconhecedores da rotação da Terra, os gregos imaginaram que a esfera celeste girava em torno de um eixo passando pela Terra.
Observaram que todas as estrelas giram em torno de um ponto fixo no céu e consideraram esse ponto como uma das extremidades do eixo de rotação da esfera celeste.
Há milhares de anos, os astrónomos sabem que o Sol muda sua posição no céu ao longo do ano, movendo-se, aproximadamente, um grau para leste por dia. O tempo para o Sol completar uma volta na esfera celeste define um ano. O caminho aparente do Sol no céu durante o ano define a eclíptica (assim chamada porque os eclipses ocorrem somente quando a Lua está próxima da eclíptica).
As constelações são grupos aparentes de estrelas. Os antigos gregos, os chineses e egípcios antes deles, já tinham dividido o céu em constelações.
As primeiras observações da Grécia Antiga são melhor conhecidas pelo conjunto de lendas e mitos que até nós chegaram do que pela existência de documentos escritos.
De facto, os gregos observaram a maior parte dos movimentos aparentes do céu e documentaram-nos de forma por vezes não muito científica. Porém, sem sombra de dúvidas, rigorosa quanto às observações por eles efectuadas.
Quando dizemos que a forma como as observações eram documentadas não era muito rigorosa, não podemos esquecer que nos encontrávamos na fase do mito, em que as entidades divinas eram a explicação do inexplicável à luz dos conhecimentos de então. Assim, todas as observações que não possuíam explicação, de acordo com os seus conhecimentos, davam origem a "novelas", em que os protagonistas eram os deuses, constituindo aquilo que se chamou mais tarde de mitologia grega.
Vejamos um exemplo da forma como foi documentada uma constatação observacional. Já na Mesopotâmia, no Egipto e na Grécia Antiga sabia-se que a esfera celeste rodava em torno do Pólo Norte Celeste, havendo algumas estrelas que, à sua latitude, nunca desapareciam, como é o caso das estrelas que constituem as constelações da Ursa Maior e Ursa Menor. Diz-se que essas estrelas são circumpolares, por se encontrarem suficientemente próximas do Pólo Celeste para que tal ocorra.
A Astronomia teve dois objectivos relacionados um com o outro. Por um lado, mostrar que os movimentos dos planetas não eram aleatórios mas sim regulares e previsíveis e, por outro, ser capaz de prever esses mesmos movimentos com grande perspicácia.
O primeiro dos dois objectivos foi definido pelos Gregos, tendo o esforço quanto ao rigor das primeiras medições sido primeiramente desenvolvido pela distinta civilização da Babilónia.
Quando Alexandre, o Grande, invadiu a Pérsia no século IV a.C., as duas formas de estudar o céu fundiram-se.
Babilónia
Os primeiros observadores celestes da Babilónia são muitas vezes encarados como astrólogos. No entanto, esta visão não está correcta. Os babilónicos estavam extremamente alertas relativamente a quaisquer fenómenos ou ocorrências da Natureza em qualquer área do saber, tentando prevê-las de forma a evitar eventuais desastres provocados pelas mesmas.
O calendário babilónico era lunar, pelo que o ciclo da Lua era de extrema importância.
Tendo os meses lunares de cerca de 28 dias, o calendário das culturas determinado pelo ano solar tinha entre doze e treze meses. Durante muito tempo os babilónicos tiveram que fazer ajustes, mas por volta do século V a.C. descobriram que 235 meses lunares eram exactamente 19 anos solares. Assim, passaram a intercalar 7 meses em cada 19 anos de forma regular.
O calendário lunar da Babilónia foi o primeiro a ser dividido em quatro períodos correspondentes às quatro fases da Lua. Esta divisão em períodos de sete dias deu origem às semanas tal como as conhecemos hoje. De facto, como se pode ver da Tabela 1, o nome dos dias da semana advém do nome do objecto celeste adorado em cada dia na Babilónia.
Os Babilónia transferiram para os gregos as suas aritméticas envolvendo o tempo e distâncias angulares. Era isto precisamente que faltava aos gregos para transformar as suas cosmologias teóricas em modelos geométricos a partir dos quais se puderam determinar com elevada precisão os acontecimento.
Mesopotâmia
Com relação aos primeiros povos pré-cursores da astronomia, na antiguidade, podemos dizer que não há uma certeza, alguns autores afirmam que foram os Sumérios, já outros acreditam ter sido os Caldeus, enfim, o interessante é que ambos tiveram contribuição e por incrível que pareça, os seus estudos foram bastante parecidos , pois ambos associaram os astros vistos no céu a divindades e demónios. Estes acreditavam que as estrelas e os planetas tinham alguma influência nas suas vidas e foi daí que surgiu, inicialmente, a astrologia. Os Sumérios confiavam que os seus destinos, na terra, eram determinados pelos astros, levando a sério esses estudos. Os Caldeus, por sua vez, acreditavam na influência de demónios, que actuavam na natureza e tinham a pretensão de atemorizar o homem e causar-lhe sofrimento e dor. Infelizmente, não há um estudo aprofundado a respeito dos povos antigos da mesopotâmia em relação aos seus estudos sobre os astros. Segundo as escritas encontradas em tábuas de argila, eles já sabiam a duração do mês, conseguiam prever eclipses e também possuíam conhecimentos sobre as durações das fases da lua.
Egipto
Os astros para os egípcios tinham um significado muito importante em termos de misticismo e crenças, em especial o astro rei, o “Sol”, que para eles era conhecido como o Deus Rá. Para os sacerdotes egípcios, o sol, os planetas e as estrelas mais brilhantes do céu, eram sagrados porque eles consideravam-nos como Deuses. Embora os castigassem com secas no Verão, quando surgia a estrela Sírius no céu, eram recompensados com as cheias do rio Nilo, permitindo a plantação e a colheita. Os faraós também utilizaram os astros a seu favor pois, uma vez que eles eram os filhos do Sol e, assim, considerados como deuses, puderam governar sem muita interferência de grupos de pessoas que pudessem revoltar-se contra o sistema; Sem falar que, a população dificilmente discordaria dos Faraós porque acreditavam que, caso o fizessem seriam castigados pelos ” Deuses”.
Os egípcios tinham um sistema dos mundos profundamente mitológico. No entanto, tinham noções observacionais muito concretas e correctas.
Para a construção das pirâmides era importante achar o alinhamento a Norte, pois uma das faces deveria ficar perfeitamente virada a Norte. Os Faraós, com a ajuda de uma sacerdotisa e de escravos, alinhavam estacas na direcção Norte, procurando-a com as guardas da Ursa Maior . O alinhamento obtido era então usado para construir as partes laterais da pirâmide, perpendicularmente às quais deveriam ficar os topos sul e norte (Figura 7).
O facto da transmissão do conhecimento ser empírico, e não actualizado, faz com que as pirâmides do Egipto, além de possuírem desfasamentos ligeiros relativamente ao Norte verdadeiro, tenham desfasamentos diferentes de pirâmide para pirâmide à medida que o eixo da Terra foi precedendo.
Grécia
Entre todos os povos da antiguidade ocidental, os gregos foram os primeiros que, para além de acumularem registos dos observados (o que quase todos os povos tinham feito), souberam afastar o sobrenatural, a magia e a superstição da interpretação dos fenómenos observados, especialmente no que se refere aos acontecimentos celestes. Com os gregos, essas explicações passam a ser naturais, mecânicas, geométricas, etc., deduzindo-se teorias a partir dos factos observados e da experiência. Tais explicações continham já o início da atitude científica e originaram progressos notáveis, em poucos séculos.
O ápice da ciência antiga deu-se na Grécia, de 600 a.C. a 400 d.C.. Do esforço dos gregos em conhecer a natureza do cosmos, e com o conhecimento herdado dos povos mais antigos, surgiram os primeiros conceitos de Esfera Celeste, uma esfera de material cristalino, incrustada de estrelas. Desconhecedores da rotação da Terra, os gregos imaginaram que a esfera celeste girava em torno de um eixo passando pela Terra.
Observaram que todas as estrelas giram em torno de um ponto fixo no céu e consideraram esse ponto como uma das extremidades do eixo de rotação da esfera celeste.
Há milhares de anos, os astrónomos sabem que o Sol muda sua posição no céu ao longo do ano, movendo-se, aproximadamente, um grau para leste por dia. O tempo para o Sol completar uma volta na esfera celeste define um ano. O caminho aparente do Sol no céu durante o ano define a eclíptica (assim chamada porque os eclipses ocorrem somente quando a Lua está próxima da eclíptica).
As constelações são grupos aparentes de estrelas. Os antigos gregos, os chineses e egípcios antes deles, já tinham dividido o céu em constelações.
As primeiras observações da Grécia Antiga são melhor conhecidas pelo conjunto de lendas e mitos que até nós chegaram do que pela existência de documentos escritos.
De facto, os gregos observaram a maior parte dos movimentos aparentes do céu e documentaram-nos de forma por vezes não muito científica. Porém, sem sombra de dúvidas, rigorosa quanto às observações por eles efectuadas.
Quando dizemos que a forma como as observações eram documentadas não era muito rigorosa, não podemos esquecer que nos encontrávamos na fase do mito, em que as entidades divinas eram a explicação do inexplicável à luz dos conhecimentos de então. Assim, todas as observações que não possuíam explicação, de acordo com os seus conhecimentos, davam origem a "novelas", em que os protagonistas eram os deuses, constituindo aquilo que se chamou mais tarde de mitologia grega.
Vejamos um exemplo da forma como foi documentada uma constatação observacional. Já na Mesopotâmia, no Egipto e na Grécia Antiga sabia-se que a esfera celeste rodava em torno do Pólo Norte Celeste, havendo algumas estrelas que, à sua latitude, nunca desapareciam, como é o caso das estrelas que constituem as constelações da Ursa Maior e Ursa Menor. Diz-se que essas estrelas são circumpolares, por se encontrarem suficientemente próximas do Pólo Celeste para que tal ocorra.
ASTRONOMIA PRÉ-HISTÓRICA
Desde tempos antigos o homem olhou o céu.
A história da Astronomia está intimamente ligada à história do próprio Homo Sapiens, enquanto espécie capaz de estruturar sociedades e de construir conhecimento a partir da transmissão de informação de geração para geração.
O céu, para as sociedades primitivas de todo o Mundo, constituía um importante recurso cultural. Os comerciantes marítimos navegavam pelas estrelas, as comunidades agrícolas usavam-nas para saber quando deviam semear as suas culturas, coligavam determinados objectos celestes a eventos cíclicos, associando estes quer a entidades terrenas como divinas.
Existem alguns exemplos em que é clara a integração dos objectos celestes em culturas pré-históricas. Por exemplo, foram encontradas máscaras em que é clara a integração de elementos celestes nas mesmas; esse tipo de motivos continua patente em muitas tribos primitivas actuais .
A contemplação do céu também permitiu ao homem primitivo reconhecer a existência de fenómenos que, repetindo-se com suficiente regularidade, lhe possibilitaram estabelecer padrões naturais de tempo: a sucessão dos dias e das noites, e noutra escala, as fases da lua foram talvez as regularidades mais óbvias.
Desde a antiguidade, o céu vem sendo usado como mapa, calendário e relógio. Os registos astronómicos mais antigos devem-se aos chineses, babilónios, assírios e egípcios. Naquela época, os astros eram estudados com objectivos práticos, como medir a passagem do tempo (fazer calendários) para prever a melhor época para a plantação e colheita, ou com objectivos mais relacionados à astrologia, como fazer previsões do futuro, já que, não tendo qualquer conhecimento das leis da natureza (física), acreditavam que os deuses do céu tinham o poder da colheita, da chuva e mesmo da vida.
Evidencia-se de que conhecimentos astronómicos muito antigos foram deixados na forma de monumentos, como o de Newgrange, construído em 3200 a.C. (Figura 2).
Figura 2 – Newgrange. No solstício de Inverno o sol ilumina o corredor e a câmara central.
Ao longo da Europa existem restos megalíticos, construídos nos terceiro e segundo milénios antes de Cristo, que contêm alinhamentos que foram elaborados por razões astronómicas.
O alinhamento de Stonehenge (Figura 3) ao meio-dia do solstício é talvez a maior manifestação da Astronomia dos nossos antepassados.
Não é provável, apesar da precisão que se verifica com certos acontecimento astronómicas, que Stonehenge tenha funcionado como observatório astronómico, no sentido actual do termo, sendo mais provável que tenha sido um local de culto para rituais pagãos ligados a esses mesmos acontecimentos. O eixo do alinhamento de Stonehenge encontra-se na direcção do nascer-do-sol no solstício de Inverno, e em direcção ao pôr-do-sol no solstício de Verão.
Figura 3 – Stonehenge. Cada pedra pesa em média 26 ton. A avenida principal que parte do centro da monumento aponta para o local no horizonte em que o Sol nasce no dia mais longo do verão (solstício). Nessa estrutura, algumas pedras estão alinhadas com o nascer e o pôr-do-sol no início do verão e do Inverno.
Elementos megalíticos deste tipo são comuns na Grã-Bretanha, encontrando-se os círculos exteriores constituídos por 27 ou 28 pedras, que representam a duração do ciclo lunar. A Figura 4 representa uma reconstituição de Stonhenge, considerado como círculo de pedras estruturado de forma padrão.
Figura 4 – Reconstituição do que terá sido o aspecto de Stonehenge no segundo milénio a.C.
Em Portugal, existe um monumento megalítico deste tipo, próximo de Évora: o Cromeleque dos Almendres. Este constitui a maior planta neolítica da Península Ibérica, com 92 menires parcialmente trabalhados formando círculos e alinhamentos relacionados com efemérides astronómicas.
Figura 5 – Cromeleque de Almendres.
Os povos da Antiguidade rapidamente se aperceberam da vantagem de agrupar as estrelas em constelações[T1] , o que permitia identificá-las posteriormente com maior facilidade. As posições relativas das estrelas sugeriram-lhes figuras no céu que, com grande imaginação, foram associadas a representações de animais, heróis e outras figuras lendárias, que ainda hoje restam vestígios nos nomes actuais de muitas constelações. Também os planetas, sem excepção, receberam nomes de antigos deuses, tradição que chegou aos nossos dias. Estes grupos de estrelas, tal como os restantes, não pareciam mudar de forma com a passagem do tempo e foram as primeiras constelações que o Homem imaginou.
Observando sistematicamente o céu, o Homem aprendeu prever as estações, a contar a passagem dos anos e a situar os acontecimentos no tempo.
É certo que alguns acontecimentos raros, como os eclipses e as passagens dos cometas, pareciam perturbar esta ordem natural e eram, por isso, muitas vezes tomado como ameaças dos deuses descontentes com os homens.
Assim, alguns povos desenvolveram calendários e conseguiam prever alguns eclipses e até posições aproximadas dos planetas (os cinco planetas observáveis à vista desmarcada (Mercúrio, Vénus, Marte, Júpiter e Saturno) são conhecidos desde há milénios. O seu movimento em relação às estrelas foi detectado desde a mais remota antiguidade).
Estas tentativas de explicação desempenharam para os primitivos um papel semelhante á nossa curiosidade científica.
A crescente confiança nas regularidades observadas e nos benefícios escolhidos fomentou a cumulação de registos e observações. Como resultado, e ao longo dos séculos, foram feitas previsões cada vez mais rigorosas e antecipadas. Houve também algumas modificações – por vezes drásticas – na maneira como o Homem foi encarado no Universo. No entanto, e para além dessas modificações, as regularidades da natureza foram e são o suporte da ciência e da base da confiança que nela depositamos.
[T1]As maiorias das constelações do hemisfério norte são conhecidas desde a Antiguidade. Pensa-se actualmente que foi na Mesopotânea, cerca de 5000 a.C., que essa sistematização do estudo do céu se iniciou.
A história da Astronomia está intimamente ligada à história do próprio Homo Sapiens, enquanto espécie capaz de estruturar sociedades e de construir conhecimento a partir da transmissão de informação de geração para geração.
O céu, para as sociedades primitivas de todo o Mundo, constituía um importante recurso cultural. Os comerciantes marítimos navegavam pelas estrelas, as comunidades agrícolas usavam-nas para saber quando deviam semear as suas culturas, coligavam determinados objectos celestes a eventos cíclicos, associando estes quer a entidades terrenas como divinas.
Existem alguns exemplos em que é clara a integração dos objectos celestes em culturas pré-históricas. Por exemplo, foram encontradas máscaras em que é clara a integração de elementos celestes nas mesmas; esse tipo de motivos continua patente em muitas tribos primitivas actuais .
A contemplação do céu também permitiu ao homem primitivo reconhecer a existência de fenómenos que, repetindo-se com suficiente regularidade, lhe possibilitaram estabelecer padrões naturais de tempo: a sucessão dos dias e das noites, e noutra escala, as fases da lua foram talvez as regularidades mais óbvias.
Desde a antiguidade, o céu vem sendo usado como mapa, calendário e relógio. Os registos astronómicos mais antigos devem-se aos chineses, babilónios, assírios e egípcios. Naquela época, os astros eram estudados com objectivos práticos, como medir a passagem do tempo (fazer calendários) para prever a melhor época para a plantação e colheita, ou com objectivos mais relacionados à astrologia, como fazer previsões do futuro, já que, não tendo qualquer conhecimento das leis da natureza (física), acreditavam que os deuses do céu tinham o poder da colheita, da chuva e mesmo da vida.
Evidencia-se de que conhecimentos astronómicos muito antigos foram deixados na forma de monumentos, como o de Newgrange, construído em 3200 a.C. (Figura 2).
Figura 2 – Newgrange. No solstício de Inverno o sol ilumina o corredor e a câmara central.
Ao longo da Europa existem restos megalíticos, construídos nos terceiro e segundo milénios antes de Cristo, que contêm alinhamentos que foram elaborados por razões astronómicas.
O alinhamento de Stonehenge (Figura 3) ao meio-dia do solstício é talvez a maior manifestação da Astronomia dos nossos antepassados.
Não é provável, apesar da precisão que se verifica com certos acontecimento astronómicas, que Stonehenge tenha funcionado como observatório astronómico, no sentido actual do termo, sendo mais provável que tenha sido um local de culto para rituais pagãos ligados a esses mesmos acontecimentos. O eixo do alinhamento de Stonehenge encontra-se na direcção do nascer-do-sol no solstício de Inverno, e em direcção ao pôr-do-sol no solstício de Verão.
Figura 3 – Stonehenge. Cada pedra pesa em média 26 ton. A avenida principal que parte do centro da monumento aponta para o local no horizonte em que o Sol nasce no dia mais longo do verão (solstício). Nessa estrutura, algumas pedras estão alinhadas com o nascer e o pôr-do-sol no início do verão e do Inverno.
Elementos megalíticos deste tipo são comuns na Grã-Bretanha, encontrando-se os círculos exteriores constituídos por 27 ou 28 pedras, que representam a duração do ciclo lunar. A Figura 4 representa uma reconstituição de Stonhenge, considerado como círculo de pedras estruturado de forma padrão.
Figura 4 – Reconstituição do que terá sido o aspecto de Stonehenge no segundo milénio a.C.
Em Portugal, existe um monumento megalítico deste tipo, próximo de Évora: o Cromeleque dos Almendres. Este constitui a maior planta neolítica da Península Ibérica, com 92 menires parcialmente trabalhados formando círculos e alinhamentos relacionados com efemérides astronómicas.
Figura 5 – Cromeleque de Almendres.
Os povos da Antiguidade rapidamente se aperceberam da vantagem de agrupar as estrelas em constelações[T1] , o que permitia identificá-las posteriormente com maior facilidade. As posições relativas das estrelas sugeriram-lhes figuras no céu que, com grande imaginação, foram associadas a representações de animais, heróis e outras figuras lendárias, que ainda hoje restam vestígios nos nomes actuais de muitas constelações. Também os planetas, sem excepção, receberam nomes de antigos deuses, tradição que chegou aos nossos dias. Estes grupos de estrelas, tal como os restantes, não pareciam mudar de forma com a passagem do tempo e foram as primeiras constelações que o Homem imaginou.
Observando sistematicamente o céu, o Homem aprendeu prever as estações, a contar a passagem dos anos e a situar os acontecimentos no tempo.
É certo que alguns acontecimentos raros, como os eclipses e as passagens dos cometas, pareciam perturbar esta ordem natural e eram, por isso, muitas vezes tomado como ameaças dos deuses descontentes com os homens.
Assim, alguns povos desenvolveram calendários e conseguiam prever alguns eclipses e até posições aproximadas dos planetas (os cinco planetas observáveis à vista desmarcada (Mercúrio, Vénus, Marte, Júpiter e Saturno) são conhecidos desde há milénios. O seu movimento em relação às estrelas foi detectado desde a mais remota antiguidade).
Estas tentativas de explicação desempenharam para os primitivos um papel semelhante á nossa curiosidade científica.
A crescente confiança nas regularidades observadas e nos benefícios escolhidos fomentou a cumulação de registos e observações. Como resultado, e ao longo dos séculos, foram feitas previsões cada vez mais rigorosas e antecipadas. Houve também algumas modificações – por vezes drásticas – na maneira como o Homem foi encarado no Universo. No entanto, e para além dessas modificações, as regularidades da natureza foram e são o suporte da ciência e da base da confiança que nela depositamos.
[T1]As maiorias das constelações do hemisfério norte são conhecidas desde a Antiguidade. Pensa-se actualmente que foi na Mesopotânea, cerca de 5000 a.C., que essa sistematização do estudo do céu se iniciou.
Friday, April 27, 2007
Astronomia na Antiguidade
A Astronomia, uma das ciências mais antigas, surgiu a partir dos esforços feitos por sucessivas gerações de pessoas que procuraram, ao longo dos séculos, interpretar o espectáculo maravilhoso e intrigante que o céu lhes proporcionava.
Começou por ser fundamentalmente utilitária e as suas aplicações destinavam-se a satisfazer as necessidades urgentes da humanidade: para a agricultura, base da subsistência, era vital determinar o início das estações do ano, prevendo as épocas mais adequadas para as sementeiras; as cerimónias e rituais religiosos tinham de ser realizados em épocas próprias.
A Astronomia foi também indispensável à navegação longe das costas, permitindo aos navegadores o conhecimento das suas posições no mar e a determinação dos rumos a seguir: sem ela, os descobrimentos não teriam sido possíveis e o Homem dificilmente se teria aventurado a cruzar os oceanos.
Durante o século XVIII, a Astronomia, conciliando observações e teorias, atingiu uma fase evolutiva que permitia explicar o que se observava e prever acontecimentos futuros.
Essa aventura do conhecimento, iniciada há milénios, ainda hoje continua: nas últimas décadas nenhuma outra ciência fez um progresso comparável ao da Astronomia.
Começou por ser fundamentalmente utilitária e as suas aplicações destinavam-se a satisfazer as necessidades urgentes da humanidade: para a agricultura, base da subsistência, era vital determinar o início das estações do ano, prevendo as épocas mais adequadas para as sementeiras; as cerimónias e rituais religiosos tinham de ser realizados em épocas próprias.
A Astronomia foi também indispensável à navegação longe das costas, permitindo aos navegadores o conhecimento das suas posições no mar e a determinação dos rumos a seguir: sem ela, os descobrimentos não teriam sido possíveis e o Homem dificilmente se teria aventurado a cruzar os oceanos.
Durante o século XVIII, a Astronomia, conciliando observações e teorias, atingiu uma fase evolutiva que permitia explicar o que se observava e prever acontecimentos futuros.
Essa aventura do conhecimento, iniciada há milénios, ainda hoje continua: nas últimas décadas nenhuma outra ciência fez um progresso comparável ao da Astronomia.
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